Desde que aqui a Maria-Ninguém
enfeitiçou o seu querido Zé com um charme incalculável, uma inteligência
devastadora e umas mamas assim para o infinitas, as coisas aqui na
mente de Maria têm ficado estranhas. Eu sei que cada um carrega, que nem
um camelo, uma bagagem (uns mais que outros e eu, definitivamente, mais
que ele) e sempre me ensinaram que é preciso respeitar e não julgar a
bagagem dos outros. Mas tenho de admitir que não deixa de haver um
desejo secreto de revistar a pente fino a bagagem do meu zé que nem uma
polícia maluca e desequilibrada e pior, pior que isto, é haver um desejo
secreto em que a outra gaja que dormiu anteriormente nesta cama seja
assim para o feia, ou burra que nem uma porta ou então com um ar
labregueiro. Está-nos no sangue, mulherio.
E
não nos ficamos por aqui. Há sempre uma tendência compulsiva de
relembrar os defeitos (vá, supostos defeitos) da anterior namoradinha,
com um discurso um tanto ou pouco hipócrita de ''ela fazia mesmo
isso?!'' - ah, ladies, ah maria-ninguém - que coisa esta das mulheres
quererem a todo o custo sentirem-se melhores rebaixando a pobre coitada
da anterior. Apesar, apesar que às vezes temos razão e as nossas teorias
pseudo-ciumentas até se encaixam.
Mas
ciumes à parte, a relevância está em que aqui a Maria-Ninguém entendeu
que não é isso o importante, que passado é passado e por algum motivo as
coisas acontecem como acontecem e com quem acontecem. E que o meu Zé
era o Zé-de-Alguém, mas agora é o Zé-da-Maria-Ninguém.
Custa
entender isto, mas sabe tão melhor depois. E o que sabe ainda melhor é a
construção conjunta de uma nova história de amor, sem olhar para trás.
(Atenção: Conste que o Zé-da-Maria-Ninguém não é o Zé-Ninguém aqui da Barraca.)
(Atenção: Conste que o Zé-da-Maria-Ninguém não é o Zé-Ninguém aqui da Barraca.)
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